segunda-feira, 10 de agosto de 2009

POEMA DO ATO FOTOGRÁFICO

"E o suicida contentou-se em apenas rasgar sua fotografia." (Jules Renard)

DSC01611

A perfeição sonhada num instante
Eis a fotografia, nosso sólido reflexo
Imagem onírica que nos escapa

Pessoas, animais, paisagens
Todos em sua maior beleza, intactos
Vivendo a inércia do melhor ângulo

Fica sempre uma mão que acena
Um abraço infinito e um beijo tácito
A vida inteira condensada num álbum

E uma breve certeza atinge o poeta
Todos desejamos ser, para sempre
Aquele que somos em nossa melhor foto

***

Pax tecum amicis

Abraço, até a próxima

Adriano

Foto: "A sesta do cão sertanejo", por Thaís Bittencourt

sexta-feira, 29 de maio de 2009

PARA BELO HORIZONTE, COM CARINHO

“Belo Horizonte tem um visgo. Comigo, pelo menos, era assim: me apaixonava por um raiozinho de sol, um ventinho da avenida João Pinheiro, uma cicatriz num banco da Praça da Liberdade, pelas folhas secas da rua Alagoas, por umas iniciais na calçada da rua Sergipe, pela paz de certo quarteirão espichado ao sol de três da tarde, com o preguiçoso cocó-ri-có de uma galinha mineiríssima. Tudo são motivos para não mudar porque tudo são motivos de amor. Mas a gente muda e passa a amar outras coisas, sem esquecer as antigas.”
(Carlos Drummond de Andrade)


Belo Horizonte, quanta alegria tenho em te visitar. Quando subo a Praça do Papa e te vejo quase inteira, sinto uma emoção maior. A mesma que um filho sente, depois de anos afastado, ao avistar a casa de sua infância. Minha infância não te conheceu, foi menino em cidade pequena, a não muito distante Santa Bárbara, mas se minha infância te reconhece, querida Belo Horizonte, é porque você nunca perdeu sua vocação de roça. Lembra quando você era apenas um arraial? Você era conhecida Curral Del’Rey. Por que trocaram seu nome? Mas até que não é mal chamar-se Belo Horizonte.


Um dia decidiram que você seria Capital do Estado. Ouro Preto tinha muita marca do império português para o gosto dos republicanos mineiros. Uma Minas Gerais moderna, não caberia ali, era tanta história e estória acumulada. A capital tinha de mudar. Para onde?


Fico imaginando quando aqueles homens de finos bigodes, roupas alinhadas e sapatos brilhosos pisaram sua terra pela primeira vez. Aposto que meu conterrâneo, Afonso Pena, deve ter quase desistido de você. Todo aquele seu mato, aquela lama dos antigos brejos que beiravam a Serra do Curral, tudo aquilo devem ter causado uma péssima impressão naquele homem de idéias arrojadas e coração generoso e formado no Caraça. Dizem que ele quase desistiu, mas resolveu subir um pouco da Serra, quando pisou a terra que agora piso e te viu do alto, se apaixonou por ti. Afonso foi o primeiro apaixonado, depois dele tantos outros. Aarão Reis, Bias Fortes, Drummond, Olegário Maciel, Greta Garbo (que certa vez veio se esconder aqui), Juscelino, Célio de Castro, tantos, tantos. Nós todos que subimos e te olhamos do alto.


Você é a síntese do espírito de Minas. Quem nunca sentiu aquele ímpeto revolucionário que corria nas veias dos Emboabas e dos Inconfidentes, ao passear pela Praça da Liberdade? Poderá algum mineiro não recordar sua terrinha no interior, ao bater de longe a vista na Serra do Curral? Essa serra nos dá uma sensação de proteção tão grande. Somos povo desconfiado, não muito afeito a se mostrar, e estar rodeado por esta nossa querida serra nos faz bem, cria a sensação de que estamos protegidos e de que nada de mal poderá acontecer para quem vive aqui. A serra nos ajuda a guardar nossos segredos.


Tanta coisa pra dizer, tanta saudade acumulada querendo dizer algo. Mas mineiro nunca conta tudo. Sempre fica um pouquinho escondido, uns breves mistérios que a gente se permite. E é esse mistério que todo mundo leva quando se despede de você, querida Beagá.








Pax Tecum amicis




* A foto da postagem foi tirada ontem, do telhado da casa onde estou hospedado, no Bairro Jaraguá. A Música do vídeo é da banda belorizontina Tianástácia.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A "ROSA NOTURNA" QUE BROTOU NO LIMBO

Falta-me tudo, enfim, nesta agonia;
só não me falta esta saudade imensa
que é meu sangue e meu pão de cada dia!
(Orlando Cavalcanti)

Orlando Cavalcanti é mais um daqueles grandes poetas que não tem vasta biografia na Wikipédia, mas merecia. Em 2010, alguns poucos estudiosos da literatura farão memória de seu centenário. Não sairá um caderno especial sobre ele na Folha de São Paulo, talvez o Estado de Minas, jornal ao qual dedicou boa parte de sua vida profissional, imprima uma pequena nota. Nada mais que isso.
O poeta nascido em Formiga, no sul de Minas, tem vários motivos para frequentar o estado límbico de esquecimento que a memória coletiva nacional costuma reservar aos que não são (foram) incensados pela mídia. Aqui destacamos dois. O primeiro diz respeito à sua pouca produção literária, sua obra resume-me a dois volumes esgotados há décadas no mercado das letras, Os Insurrectos (1944) e Rosa Noturna (1955). Morto em 1982, Cavalcanti dedicou a maior parte de sua produção em letras ao jornalismo e ao ensaio crítico, dando a entender que sua poesia era quase que um passatempo, e a história, salvo raríssimas exceções, não perdoa os poetas de ocasião. O segundo é menos objetivo, porém plausível, o fato de Cavalcanti não ter nascido naquele espaço mineiro que Affonso Ávila nomeou “Ilha Barroca”, ou seja, aquele espaço poético-epírito-simbólico das Minas Gerais dos antigos ciclos do ouro e do diamante, fez com que sua poesia estivesse mais ao estilo de um Vicente de Carvalho, poeta plasmado ao modo paulista, rígido na forma e no pensamento, do que próxima de seus contemporâneos mineiros como Henriqueta Lisboa, Drummond e Murilo Mendes, poetas cultivados sob a herança comum dos cantos nas igrejas barrocas, das explosões nas minas de minério e da força que sobrou ao espírito centro-mineiro após a guerra dos Emboabas. O estilo do nosso Orlando estava próximo demais de uma Minas que não lhe pertencia e muito longe de uma São Paulo que não lhe conheceu.


Da vida me desiludo
Ao ver um contraste assim:
Por que você que tem tudo na vida
Não tem saudades de mim?


Seu livro de maior destaque, Rosa Noturna, assemelha-se a uma compilação de poemas escritos ao longo da vida, não contém uma linha de ação poética clara, são sonetos, trovas, e poemas de verso livre organizados com o cuidado de uma antologia. Apesar de ter sido lançado no período áureo da poesia nacional, no tempo em que o modernismo já tomava ares de antigo e o pós-modernismo ainda estava por ganhar um corpo que o assim definisse, esta Rosa Noturna de Orlando Cavalcanti insurgiu como uma espécie de elo perdido do romantismo, que se findara meio século antes de seu aparecimento. Talvez seja esta a maior virtude da Rosa Noturna, o de ser um farol romântico em meio ao lusco-fusco que é comum a todo período transitório. Encerramos aqui, na esperança de trazer alguma luz à obra deste nosso outro poeta obscurecido, e que o soneto “Desalento” nos ajude nessa empresa.

Falta-me tudo agora, falta a crença
no que viria em halos de esplendor.
Falta o clarão da lâmpada suspensa
iluminando os meus serões de amor.

Faltam risos e afagos, recompensa
à brandura de seda do pastor.
Mãos que colheram lírios de Florença
já não podem colher nenhuma flor.

Falta-me a luz dos olhos, refletida
ao suave encantamento da presença
da vida que foi sombra de outra vida...

Falta-me tudo, enfim, nesta agonia;
só não me falta esta saudade imensa
que é meu sangue e meu pão de cada dia!


Pax Tecum Amicis
Até.
***
A imagem do post (Eleven A.M., 1926) é de autoria do pintor americano Edward Hopper, conhecido como "o pintor da solidão urbana". Esta moça nua, olhando com certa melancolia pela janela, é a melhor imagem que encontrei para os últimos versos do poema Desalento, "falta-me tudo, enfim, nesta agonia...".

terça-feira, 28 de abril de 2009

LITERATURA E CINEMA NOS TEMPOS DO GPS

bigbrotheriswatchingyou Toda segunda a Folha de São Paulo traz um encarte com matérias do New York Times, considerado por muitos o melhor jornal do mundo. Por ideologia, tenho sérias restrições a tudo que vem dos EUA, mas confesso que a leitura semanal do supracitado encarte, vez por outra, traz gratas surpresas. Ainda ontem, um artigo me chamou muito a atenção, “Que bom se a literatura fosse uma zona livre de celular”, do escritor americano Matt Richtel. Em síntese, o autor defende que a literatura e o cinema andam muito questionados pela chamada era digital. Os autores e diretores (principalmente os de obras de suspense) são constantemente postos contra a parede, mediante a as possibilidades de comunicação que estão abertas a seus personagens. Repare, como é possível prender alguém e o manter incomunicável em uma casa mal assombrada em tempos de celular, gps, wireless…?

Havia um tempo em que na literatura, no cinema ou mesmo na vida real, uma hora de atraso num encontro marcado poderia significar uma gama infinita de possibilidades. Hoje, é quase impossível atrasar sem justificativa. Se alguém perde o ônibus que o levaria a algum encontro, logo manda um torpedo avisando que chegará atrasado.

Agora, imagina se Ulisses tivesse um GPS… uma das falas da Odisséia seria: “Alguém se lembra das coordenadas de Ítaca?”, e pronto, fim da história. Tenho certeza que Homero, não permitira a Ulisses ter um desses, ou pelo menos teria quebrado o dele para que a narrativa se desenvolvesse melhor. E mesmo nosso querido Jason (estou falando do Sexta-feira 13 parte 1, 2...) faria para matar tanta gente sem ser percebido por uma câmera de vigilância?

Autores e diretores tem de se adaptar a seu tempo, mas não podem deixar escapar a magia e os prazeres proporcionados pelo mistério e pelo suspense em meio a questionamentos tecnológicos. Na literatura, no cinema e na vida não se tem de justificar tudo, mesmo com toda a tecnologia ninguém está imune de ser surpreendido, seja pela falta de cobertura do celular ou seja por um parágrafo que nos faz refletir por horas e horas.

Pax tecum amicis,

Até a próxima…

PS: a imagem do post é de autoria de Shepard Fairey, baseada na obra “1984” de George Orwell.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

BREVILÓQUIO DAS SETE PALAVRAS MILAGROSAS

O homem vale tanto quanto o valor que dá a si próprio.
François Rabelais


Vivemos em tempos de crise. A economia em colapso, as relações políticas em ruínas, guerras, fome, aquecimento global e tantos outros elementos componentes do pacotinho de ruindades que nos assaltam, a cada minuto, através dos meios de comunicação. Mas afinal, qual o motivo da crise? Não sei, mas desconfio de alguma coisa. A crise não têm vida própria. Ela existe por que a criamos e damos significados a ela. Na verdade, tempos de parar de transferir os significados das crises que enfrentamos para instâncias míticas que parecem tão distantes de nós. Não é a economia que está em crise, nem ao menos a política. Somos nós, humanos. Fomos nós que criamos a economia e a política, somos nós que fazemos guerra e interferimos no clima. Se assim estamos é por culpa nossa. Que fazer? Bem, se estamos assim é porque deixamos para trás alguns valores que nos unem, em favor de outros tantos que nos separam.
Não vou fazer aqui uma lista comparativa desses valores, mas proponho um milagre social. O milagre da recuperação de sete valores mágicos que acredito como potenciais fatores capazes de nos ajudar a superar a crise na qual nos inserimos e que parece não ter mais saída. Trata-se de uma proposta simbólico-poética, em que por meio de sete palavras (poderiam ser dez, vinte, quinhentas, escolhi o número sete por toda a mitologia que este carrega consigo), aplicadas a nossa vida cotidiana, tentaremos escapar à tristeza da crise rumo à esperança de tempos melhores.

Segue o poema, não se trata de uma fórmula para a mudança, mas de uma descrição poética, em forma de tercetos, do impacto que estas palavras podem significar nos espaços entre um silêncio e outro no nosso cotidiano.


Brevilóquio das sete palavras milagrosas

I – Alegria

Sorriso no espelho
Abraço no meio
Cama no fim do dia

Primeiro desejo
Rara, diáfana, única
Saudade perfeita da eternidade


II – Amor

Amar, mesmo na distância
Apesar do ódio
Inclusive na diferença

Ainda que não ame
Desesperadamente
Até que só reste amor.


III – Doação

Calar a misantropia
Ter menos
Para ser mais

Repartir o ouro
Acender incenso
Espalhar a mirra


IV – Esperança

Cordel do sonho
Berço do futuro
O agora olhando longe

Mitologia pessoal
Real que ainda não é
Outro nome para a fé


V – Fraternidade

Um pedaço de ti
Em cada coisa
E em toda gente

Um pedaço de cada coisa
E de toda gente
Em ti.


VI – Humildade

Chorar a lágrima sentida
Ir, no tempo da partida
Desculpar-se do erro

Pedir a benção,
Abraçar com coragem
Cair, levantar


VII – Ternura

Silêncio que anima
Barulho que acalma
Coração a caminho

Cofre de afetos
Milagre sem mística
Chave do outro


Pax Tecum Amicis

Até a próxima

PS: Na imagem do post, uma versão palestina para o famoso cartaz da campanha presidencial de Barack Obama, onde se lia Hope (esperança) nalgumas versões e Progress (progresso) noutras.

sábado, 11 de abril de 2009

NESTA PÁSCOA, VOARÁS!

Algum dia, quando tivermos dominado os ventos, as ondas, as marés e a gravidade, utilizaremos as energias do amor. Então, pela segunda vez na história do mundo, o homem descobrirá o fogo. Ele nasceu para ser mais. (Teilhard de Chardin)


Quando penso na Páscoa apenas uma coisa me vem à mente, ser mais. A Páscoa Cristã é um convite. Tomando o aprendizado de tudo que tivemos no passado (simbolizado pela morte), somos convidados a nos tornarmos melhores no presente (ressurreição).

Ressuscitar é viver de novo, mas não para repetir o que se tinha feito antes. Ressuscitar é viver de novo, para fazer coisas novas. Como se lê na Bíblia, “eis que faço novas todas as coisas” (Ap. 21,5). Ressuscitar é fazer como Paulinho Pedra Azul, pedir licença ao criador para se dedicar à sublime arte de aprender a voar.
Nesta Páscoa, Voarás!

Voarás (Paulinho Pedra Azul) (clique para ouvir a música no youtube)
Todo mundo quer voar/ Nas costas de um beija-flor/ Todo mundo quer viver de amor/Mas nem tudo é só querer/ Todo mundo quer ser rei/ Nas costas de um homem bom/ Todo mundo quer voar além/ Mas é preciso aprender/ Voarás, voarás...
Pax Tecum, Amicis
Até...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

CIÊNCIA, MISTÉRIO E POESIA ALQUÍMICA

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo. (Guimarães Rosa)

O mistério é aquilo que nos ataca em nossa fragilidade maior, a de não-saber. O homo sapiens não suporta o desconhecido, precisa vencê-lo a todo custo, desvelá-lo, colocá-lo a mostra. Por isto existe a ciência. A ciência moderna é nossa tentativa de dar resposta aos mistérios da existência. Porém, houve uma época em que o mistério tinha vida própria, ele se sustentava por si mesmo, não hermes_mercurius_trismegistus_siena_cathedral precisava ser desvelado a todo custo. Era uma época em que a condição humana se relacionava com o desconhecido de tal forma que a própria essência do humano era o próprio mistério. Não faz muito tempo, algum pensador, do qual não me recordo o nome, afirmou: “ser humano é deixar-se fascinar pelo mistério”. Nessa época em que humano e mistério caminhavam juntos, também havia uma corrente da ciência que escapava aos padrões atuais e se fundamentava exatamente no mistério, a alquimia. As secretas e míticas transmutações minerais realizadas por Paracelso, Flamel, Bacon, Hermes Trismegistrus, entre tantos outros, até hoje, povoam o imaginário coletivo e inspiram obras literárias e artísticas.

Mas nem só de experimentação viviam os alquimistas. Alguns lançaram obras literárias em diversos gêneros, desde o epistolário até a escrita em túmulos. Tendo acesso à obra “Mysterium Coniunctionis” do psicanalista suíço C. G. Jung, percebi que a atividade poética alquímica é vasta e de muita qualidade. Os textos acompanham as convicções dos autores que transmutaram em poemas os paradoxos que compunham seu segredoso trabalho, dando vida aos mistérios que os acompanharam até a morte. Seguem alguns poemas alquímicos.

Epitáfio em um Túmulo de Bolonha

(Publicado pela primeira vez na obra Symbola Aureae Mensae, 1617, p.169)

Lucius Agatho Priscius

Não é nem marido, nem amante, nem parente

Não está triste, nem se alegra

Isto não é monumento nem pirâmide, nem sepulcro.

Ele não sabe a quem edificou (e o quê).

(Isto é um sepulcro que dentro não tem cadáver.

Isto é um cadáver que não tem um sepulcro por fora.

Mas cadáver e sepulcro são a mesma coisa).

No poema-epitáfio acima, o autor se posiciona mediante a morte (que é o fim de todos os mistérios) sem a soberba humana de se achar um ser privilegiado pelas “forças universais”. Ele Se coloca como parte do universo, e não como um ser fora dele. No mesmo sentido temos um epigrama do século XV, sem autor conhecido, compilado por H. Zimmer em 1944:

Não Sou homem – também não sou Deus nem duende,

Nem brâmane, guerreiro, cidadão ou sudra,

Nem discípulo de brâmane, nem pai de família, nem eremita na selva

Também não sou Nenhum peregrino a mendigar,

Minha essência é ser alguém que desperta para o que lhe é próprio.

Em outras palavras, por mais o homem nunca pode ser considerado um ser acabado, pronto. Somos o devir, um constante vir-a-ser ou a eterna busca pelo que há de singular em nós.

Para encerrar, ficam duas frases de autores modernos que servem para medir, acredito, nossa relação, ainda forte, com as concepções alquímicas e sua proposta de constante mutação, segredo e mistério.

Dentro de nós existe uma coisa que não tem nome, esta coisa é o que somos” (José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira)

O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.“ (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas)

Pax tecum amicis,

Até a próxima.

PS: Na imagem do post, retirada de um dos afrescos (ou painéis) da Catedral de Siena, temos Hermes Trismegistrus e seu mais famoso texto alquímico, a “Tábua Esmeralda”.