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quinta-feira, 1 de maio de 2008
AS "BARROCOLAGENS" DE AFFONSO ÁVILA
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terça-feira, 29 de abril de 2008
SÉRIE - LIVROS OBSCUROS DE POETAS MINEIROS
Nossa primeira série tratará, como indica o título deste post, de pequenas notícias sobre livros obscuros de poetas mineiros.
Não há estado no Brasil onde se tenha feito tanta poesia quanto em Minas Gerais. Não é bairrismo. Minas é um estado poético. Sua geografia acidentada por extensas montanhas de ouro e minério de ferro fez do mineiro um sujeito essencialmente reflexivo. O mineiro sempre quer saber o que se esconde atrás da serra, e a poesia foi um dos meios mais utilizados para explicar o que ele via do alto dos montes. Foi assim, escalando montanhas e escrevendo poemas, que surgiram expoentes da poesia nacional como Tomás Antônio Gonzaga, Alphonsus de Guimarães, Carlos Drummond de Andrade (maior poeta brasileiro de todos os tempos), Murilo Mendes, Adélia Prado e tantos outros.
Tudo pra mineiro vira poesia. Desde a guerra dos Emboabas até a Praça do Papa, tudo é matéria de versos. Por isso todo mineiro é poeta, mesmo os que não escrevem poesias.
Com esta primeira série, pretendo divulgar um pouco da poesia de minas que muitas vezes se encontra encerrada em meio a nossas montanhas. Aqui veremos livros e textos obscuros de poetas famosos, livros e texto obscuros de poetas tão obscuros quanto, fragmentos aparentemente sem valor, esquecidos pelas antologias nacionais, mas que carregam em cada letra a tradição do estado mais poético do Brasil. Minas, além do som, Minas Gerais.
Não pretendemos aqui grandes análises, apenas uma notícia sobre o livro e o poeta. No primeiro post da série teremos, Affonso Ávila com suas Barrocolagens.
pax tecum amicis!
sábado, 8 de março de 2008
DEDICADO À METADE MAIS BELA DO MUNDO...
"As mulheres constituem a metade mais bela do mundo." (Jean-Jacques Rousseau)
Posto este vídeo como mínima homenagem àquelas cuja existência confere mais beleza e sentimento ao mundo.
Que o “oito de março” se estenda para todo sempre, fazendo de nossa vida um eterno louvor à jóia mais perfeita produzida durante a atividade intra-evolutiva do universo, a Mulher....
Pax tecum amicis.
Créditos: Este vídeo é um excerto do filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos” do cineasta paulista Marcelo Massagão, uma obra prima do cinema de colagens, vale a pena ver inteiro.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Sobre a melancolia dos discursos não ditos na festa do Oscar.
Emílio Moura
Toda vez que alguém sobe ao palco para receber algum prêmio na festa do Oscar, faz-se tempo de um pequeno discurso. Este varia muito pouco. Fica restrito a listas de agradecimento, lágrimas de emoção ou piadinhas que só os americanos entendem. Raros são os exemplos de palavras de ordem política, ecológica, revolucionária ou artística. Nem, ao menos, é comum alguma improvisação que fuja à lógica de todo aquele cerimonial. O Oscar é isso: uma seqüência tediosa de discursos decorados cuja temática não é capaz de surpreender ninguém.
A idéia de discursos decorados pressupõe preparação. Acredito que todos, sem exceção, entre os que se julgam capazes de receber algum premio, preparam seus trinta segundos de fala. Haja vista aquelas pequenas listas em papel mal recortado que muitos se dispõe a ler em seu momento de glória. Muitos preparam. Só um discursa. Haverá momento mais melancólico do que aquele em que o derrotado, depois de uma estafante noite de expectativa, revisita seu bolso e lá encontra o papel cheio de nomes a serem lembrados no momento do prêmio que lhe foi negado?
Falo daqueles que realmente acreditavam-se merecedores do premio. Daqueles que não se imaginavam saindo do teatro sem a estatueta. Daqueles que se empenharam ao extremo em seus trabalhos, com o único objetivo de ganhar o Oscar, e perderam. São estes os que ensaiaram de fronte ao espelho por horas e horas solitárias. São estes que pensaram cada palavra e sua possível repercussão na mídia. São estes os que tremeram na hora do anúncio do vencedor de sua categoria. São esses os que tiveram de sorrir aquele estranho sorriso amarelo dos “bons” perdedores focalizados pelas câmeras do mundo todo. São estes os que agora estão de papel na mão pensando exatamente numa maneira de ganhar o Oscar no ano que vem.
ps1: “Onde os fracos não tem vez” é um bom filme.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Pela preservação das poltronas nas salas de cinema.
Sempre que entro em um me lembro dessa passagem antológica de Gabriel Garcia Márquez, no insólito “Cem anos de solidão”:
"DESLUMBRADO com tantas e tão maravilhosas invenções, o povo de Macondo não sabia por onde começar a se espantar. (...) Indignaram-se com as imagens vivas que o próspero comerciante Sr. Bruno Crespi projetava no teatro de bilheterias que imitavam bocas de leão, porque um personagem morto e enterrado num filme, e por cuja desgraça haviam derramado lágrimas de tristeza, reapareceu vivo e transformado em árabe no filme seguinte. O público, que pagava dois centavos para partilhar das vicissitudes dos personagens, não pôde suportar aquele logro inaudito e quebrou as poltronas. O alcaide, por insistência do Sr. Bruno Crespi, explicou num decreto que o cinema era uma máquina de ilusão que não merecia os arroubos passionais do público. Diante da desalentadora explicação, muitos acharam que tinham sido vítimas de um novo e aparatoso negócio de cigano, de modo que optaram por não voltar ao cinema, considerando que já tinham o suficiente com os seus próprios sofrimentos para chorar por infelicidades fingidas de seres imaginários".
Ir ao cinema é mais do que ver um filme, é admirar um milagre da técnica, é caminhar sobre a tênue linha que separa o real do fictício, o táctil do insondável. O povo de macondo esperava do cinema realidade. Teve de quebrar as poltronas.
Não sou como o povo de Macondo. Não vou ao cinema para ver o real. Quero ver no cinema aquilo que a realidade não oferece gratuitamente aos meus sentidos. Quero que a arte, ajude a abrir as portas da minha percepção.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Breve miscelânea poética para estar mais perto de Deus
Mas uma coisa é certa, pelo menos uma vez na vida todo mundo foi poeta. Talvez por um coração despedaçado, talvez por um belo por do sol, talvez por um sentimento nacionalista ou mesmo pra “brincar com as palavras”. Poesia é coisa que nasce com toda a gente. Porém pouca gente se arrisca a ser poeta. Porque poesia é coisa dificultosa.
Isso porque, ao contrário do que se pensa, não basta está apaixonado para escrever um poema. É preciso método. Não basta estar inspirado para escrever um poema. É preciso tempo e trabalho.
Quando me decidi por dedicar a primeira lista do ano ao gênero poético, quis apenas partilhar algumas obras poéticas que considero fundamentais para a minha formação poética. Antes que perguntem, não sou poeta. Sou apenas um amante da breve arte de metaforizar o mundo.
Podemos definir esta nova lista pelo seu título “Breve Miscelânea Poética para estar mais perto de Deus”. O vocábulo miscelânea é esclarecedor. Não temos aqui compromisso com época, tamanho, língua ou mesmo estilos poéticos. Sem ordenar, listei os dez livros poéticos que mais me comoveram até o tempo presente. Talvez até tenha cometido alguma injustiça com meus gostos pessoais (nunca com os autores, pois mesmo os aqui negligenciados se encontram em lista muito mais gabaritadas do que a minha), deixando de lado algumas figuras carimbadas de minha memória, como Vinícius de Morais, Virgílio, Gabriela Mistral, Paulo Leminski e outros recém esquecidos. Mas só cabiam 10, e me de alguma forma, me orgulho de ter lido os que ali estão.
Desde os britânicos Keats e Blake, passando pelos os latinos Neruda e Drummond, até o medievo Arcipestre de Hita, o que tentei expressar com esta lista foi a inesgotável possibilidade da poesia, cuja beleza pode realizar-se no verso rimado e métrico de Apollinaire ou mesmo no verso livre de Manoel de Barros.
teu ser restrito e nunca se mostrou,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
essa total explicação da vida,
se revelou ante a pesquisa ardente