É claro que a vida é boa
e a alegria, a única indizível emoção.
(...) tenho tudo para ser feliz.
Mas acontece que sou triste.
*
"Dialética", Vinícius de Moraes
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A vida é feita de alegrias e tristezas, não é segredo. Ninguém pode escapar a esta verdade. A felicidade e o sofrimento nos ajudam em nosso processo de humanização, por que é exatamente por estes sentimentos que nos diferenciamos da massa dos outros seres viventes e nos diferenciamos uns dos outros também. Cada um lida com sua alegria e com sua tristeza de formas diferentes. Tomemos a tristeza, ela que, mormente, tende a nos comover mais – tanto a dor nossa, quanto a dos outros sempre nos sensibiliza alguns palmos além do que qualquer alegria. Isso ocorre, talvez, pelo fato de que entendemos a alegria e a felicidade como estados em que desejamos permanecer, nos preparamos o tempo todo para viver em constante alegria. Nem sempre dá certo. A dor nos comove mais porque ela é fruto do inesperado, do não planejado, do erro, a tristeza é sempre um estado do qual desejamos escapar.
Cada um lida com sua dor e com sua tristeza de maneira diferente. Há o caso clássico daqueles que se entregam às drogas, sejam lícitas ou ilícitas, na tentativa de escapar muito rapidamente da realidade por meio de uma ilusão passageira, da qual vai se sentir cada vez mais falta e, para tantos, significa um caminho sem volta. Existem também aqueles que buscam alento no ombro de amigos, choram as dores, pedem conselhos (nunca os acolhem), expurgam seus demônios e no fim acabam por expurgar os demônios alheios também – porque todo mundo tem os seus, até o amigo que agora te consola. Outra classe é a dos solitários. Estes são os que mediante ao sofrimento, preferem volver às suas próprias entranhas, buscando na solidão (ou na companhia de si mesmo) uma resposta à sua dor.
Ainda há centenas de outras formas de lidar com a dor. Ler, escrever, dançar, jogar futebol, pular de um abismo, subir uma montanha, ir a uma festa, dar uma festa, cantar, viajar, rezar, acertar a sena, dizer “oi”, ouvir “oi”, soltar pipa, dirigir a 200 por hora... na verdade são milhares as formas de escapar do sofrimento, porém, salvo uma ou outra exceção, todas as formas são variações das três primeiras citadas. Alucinação, consolo e solidão.
A literatura, as artes plásticas, a música, a ciência e tantos outros campos de ação humano, devem algumas de suas maiores realizações à dor (seja na tentativa de descrevê-la ou na tentativa humana de escapar dela). O próprio título desta postagem é retirado de uma obra cujo tema é a dor de todo um povo, oprimido por uma minoria. “Levantando do chão” é um clássico do português Saramago.
Quando o amor era a causa da sofrimento (quase todos os sofrimentos são por amor) já tivemos clássicos literários como “O amor nos tempos do cólera”, do colombiano Gabriel Garcia Marquez; telas magníficas como “O ciúme” do norueguês Edvard Munch; e mesmo a arquitetura já produziu maravilhas planejadas em meio a lágrimas e soluços de dor, como o Taj Mahal na Índia e algumas das Pirâmides do Egito. Eis a questão vital: o que faremos de nossa dor? Nos embriagaremos ou construiremos palácios?
Para encerar, um trecho do poema “If” (em uma tradução minha, bem alternativa) de autoria do poeta britânico nascido na Índia Rudyard Kipling (1865-1936).
Se você é capaz de arriscar num único lance
Tudo o que ganhou em toda a sua vida, e perder...
E, ao perder, sem cair no planto ou em lamentos,
Resignado, voltar ao ponto de partida;
Se você é capaz de forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta uma vontade em você que ainda ordena: "Persiste!"
Pax vobiscum amicis.
Até Breve.
Cada um lida com sua dor e com sua tristeza de maneira diferente. Há o caso clássico daqueles que se entregam às drogas, sejam lícitas ou ilícitas, na tentativa de escapar muito rapidamente da realidade por meio de uma ilusão passageira, da qual vai se sentir cada vez mais falta e, para tantos, significa um caminho sem volta. Existem também aqueles que buscam alento no ombro de amigos, choram as dores, pedem conselhos (nunca os acolhem), expurgam seus demônios e no fim acabam por expurgar os demônios alheios também – porque todo mundo tem os seus, até o amigo que agora te consola. Outra classe é a dos solitários. Estes são os que mediante ao sofrimento, preferem volver às suas próprias entranhas, buscando na solidão (ou na companhia de si mesmo) uma resposta à sua dor.
Ainda há centenas de outras formas de lidar com a dor. Ler, escrever, dançar, jogar futebol, pular de um abismo, subir uma montanha, ir a uma festa, dar uma festa, cantar, viajar, rezar, acertar a sena, dizer “oi”, ouvir “oi”, soltar pipa, dirigir a 200 por hora... na verdade são milhares as formas de escapar do sofrimento, porém, salvo uma ou outra exceção, todas as formas são variações das três primeiras citadas. Alucinação, consolo e solidão.
A literatura, as artes plásticas, a música, a ciência e tantos outros campos de ação humano, devem algumas de suas maiores realizações à dor (seja na tentativa de descrevê-la ou na tentativa humana de escapar dela). O próprio título desta postagem é retirado de uma obra cujo tema é a dor de todo um povo, oprimido por uma minoria. “Levantando do chão” é um clássico do português Saramago.
Quando o amor era a causa da sofrimento (quase todos os sofrimentos são por amor) já tivemos clássicos literários como “O amor nos tempos do cólera”, do colombiano Gabriel Garcia Marquez; telas magníficas como “O ciúme” do norueguês Edvard Munch; e mesmo a arquitetura já produziu maravilhas planejadas em meio a lágrimas e soluços de dor, como o Taj Mahal na Índia e algumas das Pirâmides do Egito. Eis a questão vital: o que faremos de nossa dor? Nos embriagaremos ou construiremos palácios?
Para encerar, um trecho do poema “If” (em uma tradução minha, bem alternativa) de autoria do poeta britânico nascido na Índia Rudyard Kipling (1865-1936).
Se você é capaz de arriscar num único lance
Tudo o que ganhou em toda a sua vida, e perder...
E, ao perder, sem cair no planto ou em lamentos,
Resignado, voltar ao ponto de partida;
Se você é capaz de forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta uma vontade em você que ainda ordena: "Persiste!"
Pax vobiscum amicis.
Até Breve.
Muitos sentimentos podem ser canalizados de forma positiva. A dor, a tristeza e até mesmo a raiva. Acho até que esses sentimentos impulsionam a arte mais que o amor e a felicidade.
ResponderExcluirAcho que a melhor maneira de se lidar com a dor é ocupar a mente, para não ficar enfatizando ou dando mais importância que se deve. E o melhor remédio sem dúvida é o tempo.
ResponderExcluirConcordo com os dois comentários acima, principalmente quando a Gizelli diz que a dor e tristeza impulsionam a arte mais que o amor e a felicidade. Além do que, acho que a melhor forma de colocar pra fora essa dor é expressa-la de uma maneira positiva, e na arte se encontra isso. Acho que ninguém sabe ao certo como ligar com esse sentimento, porém cada um encontra uma maneira eficaz de se livrar dele no momento certo.
ResponderExcluirhttp://conteudosuspenso.blogspot.com/
e agora o que faremos com a nossa dor?
ResponderExcluirtái um boa pergunta
depois de um sorriso sempre vem uma lagrima
e ainda me pergundo seria bom sorrir?
Nossa parece que esse post veio a calhar com meus sentimentos..... conflitos internos e tal.... parabéns...........
ResponderExcluirFala meu amigo!
ResponderExcluirAchei interessante seu texto, concordo com algumas partes.
Creio que Deus pode nos tirar o fardo pesado que costumamos carregar. Tudo bem que todos temos um trauma, uma dor, mas a alegria que Jesus pode nos dá excede todos os males que a vida pode nos trazer. Com Jesus, o vazio que a vida trouxe com vícios, drogas, etc... dão lugar ao único que é digno do nosso coração, Jesus Cristo!
Fique com Deus!
Estou te seguindo!
Um abraço!
Até a próxima postagem!
Nossa adorei o blog
ResponderExcluirMe identifiquei mto !!
Parabens
bjo
http://laudiceiasantana.blogspot.com/
pbs pelo blog, invejável.
ResponderExcluirwow!
ResponderExcluirRealmente quando nós somos capazes e não temos medo de meter a cara a tapas, arriscar a perde tudo que conquistamos, não atingimos outros objetivos. na vida é assim, temos que arriscar, profundo, único, sensacional!bjos
Querido amigo avassalador... Por muitos anos essa poesia de Kippling ficava na minha agenda como marcador de pagina, plastificada e reduzida... depois minha dialetica passou do "se" futuro para "se" passado... "Se eu pudesse voltar a viver...." a maior questão dolorosa para o humano é essa fome de respostas definitivas e depois que as tem... coloca-las em duvida novamente e novamente numa sequencia interminavel de "ses"...
ResponderExcluirFreud estava certo. Não existe satisfação total dos desejos, ela será sempre e eternamente parcial.
Cara, muito foda o Blog...
ResponderExcluirFaz a gente refletir, muito bom...
Parabéns Cara!
Gostei da sua postagem! Muito boa!!! Eu estou com dor na coluna de um exercício que fiz no pulley (abdominal) que ta ruim hihihi, to com dor de não estar dando conta dos meus estudos! Eu gosto mas não dou conta de tudo! Snif!!! Amor eu sempre sofro, pois eu que amo amigos, pais e namorada rrsrsrsrs sempre acho algo para acertar, corrigir ou melhorar pra causar mais felicidade!
ResponderExcluirEsse poema traduzido é legal!!! Quem disse que no fim de uma vida não é possível recomeçar né? Bom, vai dizer isso num pós crash da bolsa de valores hihihih
Adoro arte, literatura, filosofia, jazz hehehe seu blog vai entrar pra lista! ^^
Abraços
neowellblog.wordpress.com
Olha,primeiro parabens por teu fantástico blog.A melhor forma de lidar com a dor é ter tolerancia a ela,pois não ha como fugir,um momento ou outro ela aparece,incisiva.Cara,me inspirei no nome do teu blog e criei um conto chamado BANQUETE COM MENDIGOS,uma critica social.Dá uma olhada ,gostaria muito de ter a tua opinião lá irmão.Abrç! http://oficinamissoes.blogspot.com/
ResponderExcluirA Tristeza,a dor e a raiva serve para escrever os mais lindos poemas.
ResponderExcluirseu blog é ótimo
Sem dúvida concordo com um dos comentários, a melhor maneira de lidar com a dor é ocupar a mente... assim esquecemos e nos preocupamos com outras coisas...
ResponderExcluirParabéns pelo blog!!
Depois passe no meu ;)
www.odiariodedex.blogspot.com
Parabens pelo blog muito filosofico.
ResponderExcluirInteressante esse ensaio sobre a dor e as diversas formas de como lidar com ela. Acredito que cada indivíduo aos poucos consegue encontrar a sua forma particular de lidar com ela.
ResponderExcluirCurti o blog... vou passar por aqui outras vezes abraxx
baaah..
ResponderExcluirgostay mt do comecinho..com aqele trechinho de Vinicius de Morais..
sempre falando da tristeza e da alegria..
é sempre bom as vezes discutirmos sobre os sentimentos..sejam eles bons ou ruins..
comenta no meu blog tbm:
http://www.blogdoguilhermels.blogspot.com/
e parabens pelo seu blog ^^
Uma das maneiras de evoluir é na dor pois geralmente ficamos em estado mais meditativo.
ResponderExcluirA dor é sempre inevitável mas sofrer por ela é puramente opcional
Ao ler seu texto me lembrei da música "levanta sacode a poeira e dá a volta por cima".
ResponderExcluirA vida tem altos e baixos o que é bom para nós crescermos.
sem odio ñ existe amor
ResponderExcluirsem guerra ñ existe o homem
sem alegria ñ existe tristeza
nós seres humanos temos q se adeguar a essas coisas talvez isso q torna a gente gente
MUITO BOM MESMO!
ResponderExcluirCENTRALIZAAR!!
Já ouvi muitas vezes que a melhor maneira de se lutar contra perdas ou contra qualquer decepção é trabalhar!
ResponderExcluirhttp://cerebro-musical.blogspot.com
ÓTIMO POST.
ResponderExcluirREALMENTE CONCORDO QUE AS VEZES CAIR É INEVITÁVEL, MÁS SABER SE ERGUIR FAZ A DIFERENNÇA!
TRISTEZA E ALEGRIA, DOR E ALÍVIO, SEMPRE CAMINHAM JUNTAS, TEMOS QUE ENFRENTAR VÁRIOS OBSTÁCULOS NA VIDA, SEJA PESSOAL, PROFISSIONAL, SENTIMENTAL, PORÉM APRENDER COM OS ERROS E SABER SEGUIR E ESCOLHER OS CAMINHOS CORRETOS, ADQUIRIMOS EXPERIÊNCIAS QUE SE TORNAM EM VERDADEIRAS LIÇÕES QUE LEVAMOS PARA A VIDA TODA!
POR FAVOR COMENTE NO MEU BLOG TAMBÉM: http://granjahits.blogspot.com/
Muito bom seu texto!
ResponderExcluirVc resume bem que existem três maneiras de se lidar da dor: Alucinação, consolo e solidão.
E justamente o ultimo citado é o q leva as pessoas a exteriotizarem seus sofrimentos. Ainda que não falem, ainda que não assumam, apenas expressem!
E como, de fato, disse Gizelli, da dor pode-se gerar algo positivo... alguma contribuição, quiçá um amadurecimento!
cair é fácil. o díficil é se levantar. bom mesmo é conseguir... fazer da tristeza e dor coisas belas. e eu concordo sobre os primeiros comentários logo ali. o amor só é fascinante até o momento que não o temos. depois de certo limite, perde a graça. a tristeza e a solidão são muito mais inspiradoras... pelo menos pra mim. gostei do texto, como sempre :)
ResponderExcluirAdriano,
ResponderExcluirSeu blog é excelente. Tem um conteúdo muito bom e literatura é um tema que devemos sempre estudar um pouco. Lendo aqui me encontro em diversas aulas que não tive (ou que faltei), assim eu posso me atualizar mesmo depois de estudar muito. bjos
Muito bom o texto...
ResponderExcluirÉ bom ter pessoas com bagagens literárias ricas para podermos discutir quanto universitário.
Uma visão muito boa do três estados de 'espírito'
Abraço,
http://luizlukas.blogspot.com/
Baixar o Documentário - José Saramago – Levantado do Chão http://is.gd/GvtZmn
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